A arte brasileira na visão de três mulheres

A potência feminina nas artes é uma realidade inquestionável. Desde pioneiras como a pintora barroca italiana Artemisia Gentileschi (1593 – 1653) até nomes contemporâneos como a cubana Tania Bruguera, a polonesa Katarzyna Kozyra, a etíope Julie Mehretu, a norte-americana Catherine Opie, a chinesa Cao Fei ou a brasileira Rosana Paulino, o talento e a perspectiva feminina vêm enriquecendo as artes visuais ao longo do tempo.

Para celebrar a presença das mulheres na arte, a gente quer recomendar para você três exposições em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Uma das mais destacadas instituições culturais do país, o MASP conta com o patrocínio da Renner e está engajado no Renner Cultural – movimento que reúne todos os projetos apoiados pela marca com o objetivo de ampliar o acesso à cultura e à arte.

A programação “Histórias Brasileiras” está destacando no museu os trabalhos de mulheres. O MASP exibe atualmente três mostras de artistas com linguagens, técnicas e históricos bem diferentes entre si: “Maria Martins: Desejo Imaginante”, “Gertrudes Altschul: Filigrana” e “Conceição dos Bugres: Tudo É da Natureza do Mundo”.

“Desejo Imaginante” homenageia Maria Martins (1894 – 1973), nome fundamental na história do modernismo brasileiro e no panorama do surrealismo internacional.

A artista é conhecida por suas esculturas em bronze, desenhos e gravuras que representam figuras femininas híbridas, bem como mitologias indígenas amazônicas, afro-brasileiras e da antiguidade clássica.

Trata-se da mais ampla exposição dedicada a Martins – incluindo 45 trabalhos, entre esculturas e gravuras, produzidos nas décadas de 1940 e 1950, além de 41 publicações e fotografias que narram a história da artista.

Já “Filigrana” recupera a trajetória da alemã Gertrudes Altschul (1904 – 1962), figura pioneira no contexto da fotografia modernista brasileira: uma fotógrafa mulher em uma época na qual as câmeras portáteis começavam a se popularizar, em um cenário ainda dominado por homens.

Embora bastante reconhecida no meio fotográfico no Brasil, sua obra permanece celebrada apenas em círculos especializados, sendo raramente publicada e exibida.

Suas temáticas centrais foram a arquitetura moderna brasileira e os motivos botânicos, sobretudo as folhas. A mostra reúne 64 fotografias que cobrem os curtos, mas frutíferos 10 anos de produção da artista, atuante de 1952 a 1962.

Finalmente, “Tudo É da Natureza do Mundo” joga luz sobre a produção de Conceição dos Bugres (1914 – 1984).

Autodidata, de origem indígena, a artista se tornou renomada por sua produção dos chamados “bugres”, esculturas em madeira cobertas por cera e tinta que criou incessantemente ao longo de três décadas.

A mostra apresenta 119 obras de Conceição, a maioria vinda de coleções particulares. Há pouquíssimos trabalhos dela em acervos públicos – o que diz muito sobre o processo de apagamento das mulheres, especialmente indígenas e negras, no mundo das artes.

Gostou das nossas dicas? Então pega a agenda e programa uma visita ao MASP: as três exposições ficam em cartaz até 30 de janeiro de 2022. O museu funciona de quarta-feira a domingo, das 10h às 18h; na terça-feira, o horário é das 10h às 20h, com entrada grátis.