Semana de Moda Verão 2023: como usar as tendências

Quem aí se lembra da cena clássica do cinema em que uma das personagens, novata no mundo da moda, deixa escapar uma risada quando os editores da fictícia revista em que trabalharia discutem sobre o melhor cinto turquesa a ser usado em um look. Ao ser questionada sobre qual era a graça, a estagiária responde que, para ela, ambas as peças pareciam iguais – e que ainda estava se acostumando com “essas coisas”. Vixe! A diretora da publicação, então rebate, com uma das explicações mais geniais já vistas na tela e fora delas, na ficção e na realidade, sobre a importância da indústria fashion.

“Você acha que nada aqui tem a ver com você? Você vai até o seu armário e escolhe, digamos, este suéter horroroso porque está tentando dizer ao mundo que se leva muito a sério para se importar com o que você vai vestir. Mas o que você não sabe é que a cor desse suéter não é um simples azul, não é turquesa, não é lápis lazuli. É azul celeste.  E você ignora o fato de que em 2002 essa cor dominou as passarelas mais importantes de Nova York e Paris. Então o celeste apareceu em coleções de 80 outros estilistas, passou para as lojas de departamento e foi parar em lojas populares. Este azul representa milhões de dólares e incontáveis trabalhos e é meio cômico como você pensa que fez uma escolha que a exime da indústria da moda quando na verdade está usando um suéter escolhido para você pelas pessoas dessa sala.”

Tá, não consegui condensar tanto, mas é que é bom demais! E funciona como introdução perfeita para entender de que forma o que rolou nas fashion weeks de Paris, Londres, Milão e Nova York impactam na sua vida – hoje de forma muito mais rápida no que diz respeito à cadeia do que lá em 2006, quando o filme foi lançado.

Das passarelas para a sua vida

Tendo em mente que moda é contexto e reflete o espírito do tempo, podemos dizer que as fashion weeks que apresentaram, entre setembro e outubro, as coleções de verão 2023 das principais marcas do mundo seguem respondendo às demandas deste mundo pós-pandêmico.

Assim, vemos o desejo de nostalgia ir além, e partir do superdivertido anos 2000 para a minimalista e mais sorumbática década de 1990. O utilitarismo se faz presente lembrando que moda tem função e não faz sentido, em pleno 2022, forma e conteúdo estarem desalinhados. Prepare-se para usar muita, muita mesmo, calça cargo, e bolsas cada vez mais gigantes. Se está obcecada pelo cor-de-rosa (como eu!) saiba: ele vem ainda mais rococó, celebrando o romance e o poder da ultra feminilidade em tempos duros. 

E como vestir tudo isso? Vem aqui ver.

Neominimalismo anos 90

Vestidos curtos de seda, sandálias de tiras fininhas com amarração, blazer alongado (justo ou oversized, com perfume 80’s). Muito preto, sapatos de bico fino. Jeans reto, xadrez, óculos pequenos e joias idem. Quem viveu sabe. E estilistas de Paris e NY sabem bem. Por isso, trouxeram essas refs para suas passarelas. Reproduzi aqui do meu jeitinho, com peças ótimas da Renner, e ficou assim:

Utilitarismo revisitado

Nessa tendência eu aposto de olhos fechados: calça cargo. Sério, ela será sua fiel escudeira nos próximos meses (e anos!) e aparece nas passarelas e nas araras da Renner em diferentes cores, versões e materiais. Sarja, seda, justinha, baggy, preta, verde, off white. Enfim, o novo “vai com tudo”. Optei por reproduzir um lookinho de desfile que une a calça cargo a elementos inusitados (e altamente fashionistas) como a bata ampla sob corset (alerta trend que continua!). A maxibolsa, que veio nas passarelas das grifes mais comentadas de agora, completa a vibe utilitária. Afinal, cabe tudo e mais um pouco.

Feminino potente

Tecidos que remetem ao período romântico, como a seda, peças enfeitadas, bijoux com pedrarias e o rosa – agora blush em vez de pink – com saltos altíssimos compõem a trend que podemos chamar de ultrafeminina. Uma ode ao poder das mulheres e a todos os símbolos de feminilidade que, ainda bem, não significam mais fragilidade (mais uma invenção do patriarcado, né?). Em vez disso, essa onda convida mulheres a se apropriarem de seus próprios símbolos como forma de demonstrar potência e força. Afinal, quem pode com uma mulher de vestido de cetim, com suas plataformas e seus brincos coloridos, né?

E aí, qual a sua preferida? Amo todas e vou defendê-las com unhas (alongadas e brilhantes) e dentes. Assim como defenderei seu direito de discordar de tudo! hehe Mas se gostou do estilo, confere a minha última coluna sobre como (re)encontrei a mim e meu guarda roupa após a maternidade.