“Ser uma mulher livre é ser agente de mudança, inspirada por outras mulheres pretas ao meu redor”, escreve a atriz Clara Moneke

Para mim, ser uma mulher livre é uma jornada de descobertas e reflexões, mas também ações. Por isso, foi com grande alegria que aceitei o convite da Renner para contar minha história de Liberdade Femininaque pra mim é libertar-se do medo e das convenções. Desde cedo,  aprendi que a liberdade estava diretamente relacionada ao processo de não só me conhecer, mas também conhecer os que vieram antes.

Ter essa fala reforçada a todo instante dentro da minha casa foi essencial para que eu pudesse acreditar nos meus sonhos, ir atrás do que amava fazer, lutar pelos meus ideais e, sobretudo, estar feliz com a pessoa que me tornei e com quem sou.

Foi neste momento, com a minha família, que ser uma mulher livre começou a fazer sentido na minha vida. E, foi muito por conta disso que pude viver meu maior momento de liberdade até então: escolher seguir a carreira artística. 

Desde pequena, sempre fui muito  incentivada, mas, em um período da minha vida, precisei optar por um emprego convencional para me sustentar. Eu estava trabalhando nesse lugar quando recebi uma oportunidade e resolvi dar mais uma chance para a atuação, guiada por esse sentimento de poder seguir o meu sonho e ser quem eu quisesse. Ali, naquele momento, senti que tomei as rédeas da minha vida e transformei o meu futuro completamente.

Liberdade e ancestralidade

Nunca imaginei que essa decisão fosse me mudar por completo. Hoje, no final de um ano intenso e cheio de realizações, sinto que ressignifiquei o sentido de ser uma mulher livre para mim porque meu maior momento de liberdade foi perceber que a minha arte poderia mudar as narrativas e impactar a vida das pessoas.

Eu penso que muito desse impulso de liberdade está estritamente ligado com o conhecimento da minha história, com a compreensão das lutas de todas as mulheres negras que vieram antes de mim escancarando a porta na cara e na coragem. Aprendi e sigo aprendendo todos os dias com essas mulheres.

Até porque acredito que esse processo também é um ato de resistência porque é preciso lutar diariamente contra os estereótipos que nos são dados, além de ter resiliência para ocupar os espaços que não foram pensados para pessoas como eu. 

Ainda hoje, luto todos os dias para conseguir me olhar com mais carinho e entender que as minhas vulnerabilidades também fazem parte de mim. Com isso, eu estou tentando desmistificar essa ideia de que tenho que ser uma “mulher forte” sempre, até porque força não é sinônimo de falta de sensibilidade ou fragilidade.

Minha liberdade também está diretamente entrelaçada com o amor-próprio. Amar meu corpo, meu cabelo, a minha pele, toda essa herança ancestral é desafiar tudo que foi construído enquanto beleza na nossa sociedade, além de celebrar as minhas raízes. Na minha jornada, eu encontrei a liberdade aceitando quem eu sou e me reconectando com a minha ancestralidade.

Acima de tudo, para mim, ser uma mulher livre é ser uma agente de mudança. É educar, inspirar e ser inspirada por outras mulheres pretas ao meu redor. É contribuir para a construção de um mundo onde a gente possa ser quem realmente é, sem qualquer limitação.