Um vestido, três moods (ou o poder pouco celebrado do styling)

Começo esse texto com um mea culpa: talvez eu esteja entre as responsáveis por você saber mais de regras desimportantes da moda do que do poder de um bom styling. Styling, para quem não está familiarizado, é o jeito de combinar as peças com o objetivo de tornar o resultado do look mais legal, impactante, desejável, único. A mea culpa, para quem não entendeu nada, é porque tenho anos de carreira no mercado editorial da moda e lembro muito bem que, lá nos primórdios, falávamos muito mais em shape, caimento, proporções, o que vestia bem cada tipo de corpo, do que do styling em si.

E o styling, amiga, o styling importa mais que todo resto. Ele transforma o básico em cool ou sofisticado, deixa uma marca de estilo, eleva o look (ou o destrói, mas isso são outros quinhentos). Sabe aquela história de usar meia esportiva com sapato oxford? Styling! Saia longa + blazer oversized (parece que vai dar errado mas dá certo)? Styling! Short baixo com elástico do underwear aparecendo? Styling também. No universo fashion, o stylist é o profissional que cria a imagem de moda – seja para um editorial, para um desfile, uma campanha, ou uma pessoa. E isso muda tanto que torna atrizes medianas grandes ícones fashion…

A tal pasta de refs

Nós, reles mortais, que não temos uma stylist para chamar de nossa, podemos, obviamente, cumprir muito bem nós mesmas esse papel. Isso se faz com pesquisa: fuçar, salvar, ir além, ver o lookbook da marca, ir no nome de quem assina o styling, fuçar mais um pouco. Salvar inspirações de celebs e blogueiras que trazem uma inspiração diferente, montar uma pastinha de refs, recorrer a ela toda vez que a dúvida bater. Eu, mesmo com os tais anos de carreira na moda mencionados acima, faço exatamente assim. Por isso, sugeri para minha última coluna do ano um desafio no melhor estilo: uma peça, vários moods.

Para dificultar a minha própria vida, não optei por um bom vestido preto ou uma base sem erro de jeans e camiseta. Não, não: achei que era o caso de apostar todas as fichas em uma tendência mesmo, o vestido floral com estampa miúda, fluido, levinho, o puro suco do verão. E, aham, consegui trazer várias propostas para uma peça tão marcante. Vamos a elas?

Mood descolado praiano

Abrimos os trabalhos com a peça assim, deliciosamente solta, combinada com chinelos de dedo, bolsinha de crochê e óculos. Produção do tipo vestiu, saiu, que vai do fim de tarde praiano à cerveja na calçada (pode apostar, você vai arrasar usando uma peça de tecido assim, mais fino, com chinelos).

Mood sofisticado fresco

Almoço de Natal, batizado, festinha de niver da amiga: o mesmíssimo vestido floral ganha cara de chique sem esforço com as sandálias de tiras finas (tendência máxima) e o cinto grosso. Repare como a silhueta muda tudo. A cintura marcada traz sofisticação e, claro, um toque de sensualidade – mas na medida. 

Mood urbano e confortável

A sobreposição sempre entrega como truque de styling. Aqui, uma camiseta branca já resolveria, mas optei por essa, com detalhes de flores de strass, para criar um diálogo entre estampa e bordado. Deu para sacar? Nos pés, tênis pesados ajudam a quebrar a delicadeza do vestido, agregando muita personalidade. A bolsa colorida também entra como elemento de quebra de expectativa e acende a produção. Ah! E repare que o cabelo completa a equação. Quando há mais informação no colo (tipo camiseta, alça do vestido, estampa, bordado), um rabo é a pedida. 

E então? Qual mood faz mais o seu estilo? Bom que a Renner tem todos, né?