Faz quatro anos que todo mês de maio é assim: os convites para escrever sobre maternidade vão chegando, minha síndrome da impostora vai crescendo. E eu lá sou uma mãe digna de nota? Uma escritora digna de leitura? Será que faz sentido falar de uma experiência individual e tão privilegiada? As duas primeiras respostas, de bate pronto, não tenho – mas imagino que são “sim”, pois cá encontram-se estas linhas. A terceira me traz certeza: faz sentido pois nenhuma experiência humana é individual e dividi-las é quase uma forma de torná-las mais reais, palpáveis, conectadas com o todo.
Conexão – taí uma palavra que hoje me remete ao maternar (medo, dúvida, exaustão e plenitude já foram outras delas, em outros momentos). Conexão com meu filho, claro, numa relação que fica bem mais legal, direta, baseada em palavras e gestos afetuosos compreendidos mutuamente a cada ano que passa. Conexão com o mundo, impossível dizer que não: nossa percepção muda, nem para pior nem para melhor, ela só muda. As coisas ganham outro peso e fica impossível não pensar em aquecimento global, nos agrotóxicos dos alimentos, na consciência do consumo…
E, também, conexão com outras mulheres mães, que juntas experienciam esse turbilhão de amor e dor e perda e ganho e medo e coragem. Quando pensei no que escrever aqui sobre equilibrar pratinhos para viver tudo isso, não consegui focar na falta de tempo, nas contas a pagar, na parte prática, sabe? Pensei mesmo no equilíbrio de pratinhos emocionais. Na culpa versus a liberdade. No amor desmedido pelo filho versus novas paixões que arrebatam o coração. No desejo genuíno de trabalhar versus a preguiça desconcertante de sentar no chão para brincar.
Dilemas que se resolvem (ou quase!) puxando aqui, cedendo ali, esticando acolá… Desde que nos mantenhamos fiéis ao objetivo máximo, aquele, de não deixar faltar amor, pelo filho e por toda essa relação sublime, e por nós mesmas, que precisamos estar inteiras para ajudar a tornar alguém inteiro. E com esse gancho, ufa!, entro na escolha dos meus looks Renner este mês: todos dão notícias de quem sou, também por que sou mãe.
Entre as trends de Dia das Mães da Renner escolhi a mãe boho, muitíssimo influenciada pelo movimento country na moda capitaneado por uma certa queen. Qual o seu preferido: 1) conjunto de mocinha western com botas,2) pantalona jeans + coletinho e botas curtas, 3) bermuda, camisa e botas country, numa silhueta tão estranha quanto fashionista? Me conta?