Dia Internacional da Mulher e moda: o vestir colocando a mulher no centro da própria narrativa

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O 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é uma data cheia de significados, mas como a moda conversa com a importância dessa data? 

Meu nome é Andreza Ramos, sou consultora de estilo e comunicóloga de moda e, seja muito bem-vinda a este espaço: farei um passeio conectando o vestir e o Dia Internacional da Mulher com você. Pronta? 

Sobre arte, sociedade e narrativas

A arte e a moda são sempre formas de retratar a sociedade. Observar como um elemento é representado através das produções artísticas, a disposição dessas imagens e a frequência com que determinada narrativa visual é retratada em sua época é uma das formas de entender também o papel desse elemento na cultura de uma determinada sociedade. 

Por exemplo, na segunda metade de 1800, sobretudo em pinturas, quantas vezes você já viu o quadro de um homem em pé, verticalizado, em poses ativas de demonstrações de poder. Ao mesmo tempo, os “quadros femininos” quase sempre expõem mulheres deitadas, horizontalizadas e passivas — como meras figuras apenas à espera de um olhar? Ainda nas décadas seguintes é raro observar uma representação feminina que fuja desses papéis “inertes” atribuídos à nossa figura. 

Com a chegada do século 20 e conforme a mulher luta por novos papéis e poderes, sua roupa vai acompanhando igualmente essa atualização. Porque a moda não é apenas um fenômeno têxtil, ela é um movimento fluido que dança com a cultura, com a política e explicita o modo de pensar de um determinado tempo. 

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Se tem mudança na vida, tem mudança na moda feminina

A mudança de silhueta dos anos 20, o New Look dos anos 40 com a nova figura da mulher no pós-guerra, a ascensão dos comprimentos mini em prol de uma nova liberdade do corpo, o sutiã e o batom para o movimento sufragista. Toda mudança no modo de pensar e agir feminino também é acompanhada por uma mudança no vestir. Liberdade e moda não se separam, pode reparar. 

Ainda com este mesmo pensamento, nem precisamos ir tão longe. Basta olharmos para nossa própria vivência. Na grande maioria das vezes, acontecimentos importantes também nos levam a questionar a forma com que nos vestimos: o nascimento de um filho pode exigir roupas mais práticas, já uma mudança de emprego ou de cidade nos permite reinventar nosso jeito de escolher roupas. 

Nenhum guarda-roupa fica imune à transformação de uma mulher. Talvez esse seja nosso jeito de afirmar o poder, a autenticidade e a identidade que diariamente tentam moldar. E, no final das contas, o processo de vestir transforma-se num “deixe que eu fale por mim mesma”, só que através das roupas. 

Que mulher você quer ser? Use a moda para contar essa história

Neste Dia Internacional da Mulher, gostaria que, na consciência de tudo o que conversamos nos parágrafos acima, você quebrasse seus tabus e fosse despretensiosamente feliz. Que usasse aquelas listras que nunca teve coragem, aquela saia que achou que “não era pra sua idade”, ou aquele brinco que você viu no site e achou ousado demais. Sabe aquela regata que vai deixar seus braços à mostra? Ela também tem vez no seu dia a dia! 

Porque da mesma forma que eu acredito que grandes transformações mudam nosso guarda-roupa, acredito que nosso guarda-roupa também muda nossa vida. Também nos torna mais livres, irreverentes e imparáveis. 

Eu mesma sou prova disso! Com a Renner já fui delicadamente romântica, estrategicamente alegre, levemente sensual e completamente livre, porque meu guarda-roupa também me permitiu ser. Eu já fui, sou e continuarei sendo várias mulheres em uma. E todas elas acreditam no poder do bom guarda-roupa. 

Para me despedir, gostaria de propor um trato! Espero você, neste mesmo blog, nesse mesmo dia ano que vem, sendo a mulher que você sonhou e vestindo esse sonho à altura. Combinadas? Então, te vejo lá e um incrível Dia da Mulher para todas nós.