Sempre creditei um título democrático à oncinha: existe em diversos formatos, você encontra em todo lugar do mundo, em qualquer peça existente (roupas, brincos, bolsas, etc.) e consegue combinar de forma estilosa com vários elementos. Quase como listras e poás, a oncinha fala uma linguagem universal. Mas que linguagem é essa? Para explicar o que essa estampa pode comunicar, gostaria de fazer uma pequena viagem histórica com você.
História da estampa de oncinha
Em períodos pré-históricos, os adornos e representações visuais exerciam funções “mágicas”. Eles exprimiam um cenário que se desejava alcançar, por exemplo: “vou me desenhar na parede conquistando alimentos para que isso se torne realidade”. Se essa missão encontrasse sucesso, pele, dentes e unhas dos animais transformavam-se em roupas e acessórios para demonstrar sua coragem em enfrentar aquele animal e para atrair a vitória para o próximo. Então resumidamente, se você tinha um look de oncinha, todos sabiam que você era imbatível.
Por conta da representação que felinos seguiram mantendo enquanto predadores natos, a estampa continuou sendo símbolo de poder mesmo com o passar dos séculos. No Egito antigo, divindades eram associadas a eles e na Grécia antiga, guerreiros utilizavam da pele deles para conferir impermeabilidade às roupas de batalha.
Caminhando por mais alguns séculos, agora na idade média, com as leis suntuárias (leis que definiam quem poderia vestir ou não determinadas roupas), a onça tornou-se restrita a dois grupos muito específicos da sociedade: nobreza e lutadores. Ou seja, ou você nascia com privilégio ou você precisava ser forte o suficiente para utilizar este tipo de estampa.
Foi apenas a partir do século 18 que a onça começa a criar o recorte fashion que conhecemos hoje e, no século 20, mais especificamente em 1930, com o desenvolvimento da indústria têxtil, inventa-se a pele sintética (ufa!), que permite maior reprodução e aplicação da oncinha.
Símbolo de poder
Devido ao desenvolvimento do cinema e a ascensão de suas primeiras estrelas, a onça torna-se um dos símbolos da femme fatale. Ou seja, ainda depois de séculos ela continua a ser uma representação poderosa, intensa, felina para quem a usa. Ao longo do século, ela passa a ser utilizada de forma massiva também pelas grifes, ganhando assim sofisticação. Já noa década de 1990, passa a pertencer também ao street style, e chega aos anos 2000 como um elemento “pop”, presente no cinema, na música, nas ruas, transcendendo às passarelas.
Resumindo, a oncinha é ao mesmo tempo uma das mais antigas e mais atuais representações de poder na moda e fora dela. Ela acompanha a história da humanidade, conferindo autenticidade a quem usa.
Como usar estampa de oncinha de um jeito cool
Agora vamos ligar mais alguns pontos importantes? Pelo seu recorte histórico de poder, pela sua massificação a partir do século e 20 e pela ligação com a imagem da “mulher irresistível” criada também neste momento é muito comum que estampa encontre resistência em alguns estilos e guarda-roupas. Por isso, estou aqui para te ajudar com um caminho de dicas para tornar a estampa uma novidade confortável na sua imagem.
1. Brinque com as formas
A oncinha pode ter diversas configurações. Antes de chegar nos tipos grandes e coloridos como conhecemos, você pode começar com estampas pequenas de uma combinação de cores mais tímida também.
Quanto menores e mais espaçados são os elementos de uma estampa, melhor ela vai funcionar para pessoas que buscam discrição (salve essa dica!). Esse vestido abaixo que escolhi na Renner, por exemplo, é composto por desenhos menores, mais delicados e em momentos é possível encontrar até corações entre os elementos!
O tule e a sequência de babados na parte de baixo, confirmam a mensagem delicada que descobrimos na peça, tornando-se a prova visual de que, com a combinação correta, a intensidade da oncinha pode ser diluída em mensagens mais delicadas e até românticas. Quem diria?
