Ciclos da moda e a volta de peças polêmicas: como e o que usar!

Que a moda é cíclica, todo mundo sabe. Mas quais são os motivos pelos quais algumas tendências voltam? Hoje vamos bater um papo sobre 3 peças polêmicas que estão com tudo nas últimas estações: o crochê, as camisetas de banda e o tule.  

Rainhas usando crochê? SIM!  

Surpreendentemente, crochetar é uma técnica de séculos atrás. Sem uma data de nascimento específica e até mesmo um lugar de origem determinado, foi a partir de 1800 que o crochê começou a ganhar o mundo e conquistar visibilidade.  

Quando o crochê começou a ser cool? Em 3 períodos distintos. O primeiro salto do crochê foi na era vitoriana. Até este período ele não era valorizado, pois era uma uma forma barata de criar roupas e, para a nobreza, quanto mais opulência, melhor. O cenário muda quando a Rainha Vitória aprende a técnica e passa a utilizar o crochê e presentear com ele.  

O segundo apogeu do crochê aconteceria com o movimento hippie nos anos 60. A técnica, que já vinha sendo alternativa de sobrevivência (e se tornando cada vez mais comum) para famílias desde a segunda guerra, agora ganhava fama pelo padrão “granny square” uma forma quadradinha de criar peças estampadas.  

A terceira valorização do crochê vem acontecendo nos últimos 10 anos, mas não pelo crochê em si (calma, eu explico) e sim, pela valorização de trabalhos manuais, de uma moda mais afetiva, e menos danosa para o meio ambiente. Ele vem também como um elemento de resgate estético dos anos sessenta/setenta, como um elemento que traduz nosso anseio por uma moda mais próxima e real, assim como o patchwork, por exemplo, que também ganhou destaque nos últimos anos por motivos similares.  

Coloco o crochê aqui como uma peça polêmica, pois para muitos é difícil desassociar da peça a imagem de “roupa da vovó”. As redes sociais já vêm há muito mudando esse conceito, mas existem algumas dicas que podem ajudar com isso também.  

Primeiramente, escolha as cores da temporada! É mais fácil trazer uma carinha moderna para uma peça utilizando os elementos vigentes. Aqui, escolhi uma peça com laranja e rosa, pois foram as cores protagonistas dos últimos meses. Segunda dica, pense em modelagens mais ousadas ou modernas. Saias mídis, tops, croppeds, também por estarem em alta, adicionarão mais “borogodó” ao seu look com crochê. Terceira dica, combinação! É a sua composição também que vai dizer tu-do! Para trazer aspectos mais joviais, combine com shorts, tênis e muitos acessórios 

 

As favs: camisetas de banda!  

Junto com os jeans, as camisetas são elementos democráticos da moda. Elas começam a ser vistas, como as vemos hoje, também em períodos de guerra (aqui especificamente na primeira guerra mundial), pois eram componentes dos uniformes de soldados. Podendo ser brancas ou com dizeres do grupo ou escola militar a qual pertenciam, a camiseta que antes era considerada uma peça íntima, foi se tornando aos poucos uma peça de cotidiano, por conta de seu conforto e praticidade.  

 

Mas foi o rock que deu a ela a carinha que vemos hoje! Como forma de propaganda e também de arrecadar fundos para os artistas, as bandas de rock personalizam e estampavam e as T-shirts para seu público. Foi assim com bandas do movimento punk na década de 70. Mas como nada na moda acontece de forma isolada, o cinema também impulsionou o que era de grupos culturais específicos para a grande massa. 

E como este elemento voltou a ser legal? Ouso dizer que ele nunca deixou de ser. Em cada década, um movimento cultural abraçava a camiseta como elemento estético. Dos anos 50 ao 60 foi o rock, nos anos 70 foi o punk, nos anos 90 a 00 o hip-hop, o que acabou deixando a camiseta com status de juventude há 70 anos. Com o resgate na moda das estéticas setentista e noventista, e até mesmo com a utilização política dada às camisetas nos últimos 15 anos, elas ganham um novo salto de visibilidade.  

E quando se fala em camisetas, não existem regras! Escolha seu artista predileto e aproveite!  

Tule: o que temos a dizer sobre ele?

  

Quebrando a sequência que fiz nos dois últimos tópicos, não faremos uma passeio ao passado do tule, pois minha perspectiva aqui é colocá-lo como uma peça polêmica que nos leva à compreensão do agora, apontando para o futuro.   

O tule é um dos tecidos que mais nos aproxima da fluidez que temos experienciado em várias áreas da nossa cultura. Desde a ideia da liquidez nas novas formas de se relacionar, passando pela nossa forma cada vez mais curta e pregnante de consumir informação, chegando à forma agênera de construir moda, o tule enquanto peça se aproxima de todos esses conceitos e tem sido uma das maneiras mais visíveis de ler o futuro em roupa, na nossa frente. 

Digo isso, pois sua fluidez traz agora estampas futuristas, com aquela carinha cyberpunk, pós-apocalíptica, que o cinema também já vem trabalhando há muito tempo e que até agora só havíamos encontrado em peso, para a cultura de massa, nos acessórios.  

Como toda tendência, ele iniciou-se muito restrito a um grupo (praticamente à geração Z e Alpha) resgatando estéticas muito sutis dos anos 00, ganhou forças e agora está para nós com as mais diversas estampas e formas possíveis.  

A peça polêmica mas queridinha das redes sociais pode ser combinada com tudo. E meu look com mix de estampas está aqui para provar.  

Bom, fizemos um passeio muito rico sobre algumas peças polêmicas e entendemos muitas coisas sobre elas, agora é sua hora de colocar em prática e arrasar com os looks Renner. Até a próxima!