No puerpério, que coincidiu com o isolamento social devido à pandemia da Covid-19, não reconhecia nenhuma das peças do meu armário. Fiz sacolas e mais sacolas de doação. Sobrou tão pouco que piorou a crise (que não era só fashion, mas isso é assunto para outro texto). Como não podia andar pelada por aí, criei pastas no Pinterest do que queria vestir. Inventei uma nova identidade, que, na minha cabeça, combinava com meu cargo de liderança na época: eu vestiria jeans ou calça de alfaiataria e camisa. Tudo em tons neutros, com escarpins de salto grosso e bolsinha a tiracolo. Make leve, cabelos curtos.
Chique, né? Muito, para aquelas que, enfim, têm esse visual. Não sou eu! #Chateada, parti para mimetizar o estilo das minhas amigas. Tentei os saltos menores, os conjuntos lânguidos, os vestidos conceituais que casam perfeitamente com aquele cabelo dividido ao meio. Como ficam tão bem nelas e tão estranhos em mim?
Enfim, os refrescos (e os bons looks)!
Levou um tempo pra fechar o que feriu por dentro: meu filho crescer, a vida social voltar, os rumos da minha carreira mudarem e, claro, um tanto de terapia para encontrar a pessoa que eu queria ser: no caso, eu mesma. E o que eu uso hoje? As mesmas tendências de moda de que era uma boa vítima lá nos anos 2000, mas sempre adaptadas ao meu estilo – que é, digamos, bem pouco minimalista e conceitual.
Neste 2022 fui early adopter dos sapatos plataforma perfeitos da Renner – tenho um de cada cor e posso provar que eles são mais que versáteis. Admiti que estampa de onça é tipo básico para mim, igual preto ou branco, sabe? Vai com tudo. Aceitei que amo tops cropped e ninguém pode impedir uma mulher, mãe, de 37 anos de usar um. Acreditei no poder da roupa enquanto mensagem, política, diversão. Acreditei no meu poder. Agora versão também mãe do Martim (em cima de plataformas altíssimas, sim!). Rimou.
